terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A Janela de Sergio




Este espaço não é meu, não tem dono. Aqui não existem as amarras da ética, religião, dogmas ou qualquer outro empecilho que possa, desrespeitosamente, atrever-se a impor censura. Se acaso a poesia por aqui passar, também ela terá que deixar de lado suas regras métricas, rimas, e abandonar o propósito de ser bela. Mesmo eu não sabendo se desta forma ela sobreviveria, sua obssessiva busca pela beleza também deverá ser refutada... O custo da sobrevivência é caro o suficiente para evitarmos estendê-lo à poesia. Pois então que morra para que, de sua ausência, possa nascer outra menos regrada.
A escrita será desnuda e, ainda que lhes pareça repulsiva, terá aqui somente sentimentos puros (não esqueçamos da ausência da censura), e serão puros os que eu assim senti-los, ainda que pareçam hediondos a quem me ler. Pode-se escrever com a alma sem a interferência do espírito? É isto que quero descobrir. Então que saia o Sergio que me cansa, e que entre a liberdade e a clareza de um ser livre de pensamento e de idéias que não serão como animais selvagens que necessitem ser domados, tampouco devam ser ventos a girarem moinhos. Então, que destas idéias não se façam proveito... Deixemos-nas correr livremente, soprarem sem direção certa, tendo na liberdade o único propósito. Refiro-me a minha liberdade.
Estas linhas também não são minhas, digo, não são do Sergio e não vêm com a agonia de seus dias atribulados. Vêm como uma psicografia ditada por ele mesmo quando consegue escapar às voltas do relógio, às mesquinhas exigências cotidianas que lhe roubam a criatividade e o tempo. Tempo não é dinheiro, é vida que se esvai sem remédio para o fluxo contínuo.  Quando aqui escreve, Sergio torna-se livre das comparações, avaliações ou julgamentos a que é submetido e que também se submete constantemente... Perde a casca; Cria um espelho para ver o que não enxerga durante a repetição dos dias.
Pobre Sergio que não se vê e nem é visto como realmente é. Sua visão deturpada priva-o de si mesmo durante quase todo o tempo, afinal ele é humano e a cegueira quase permanente não é defeito somente seu... Herdou-a de seus antepassados, assim como todos de sua espécie. Mas existe uma janela luminosa na caverna em que vive, e é através dela que ele se vê e também vê o mundo como ele realmente é. Somente quando dela se aproxima, ele escapa à escuridão.
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Um comentário:

  1. Bom dia Sergio.

    Muito bonito o post, parabéns.

    Gostaria de saber se você faz parceria com blogs.

    Abraços e sucesso.


    http://devoradordeletras.blogspot.com/

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